quinta-feira, 26 de julho de 2012

Há um ano

Há um ano, nada parecia mais simples. Objetivos vêm e vão, os dias passam longamente e quando você vê, os dias se fecharam em uma quantia estabelecida por alguém, transportando as passagens que você estabeleceu para o passado.
Há um ano, suas esperanças eram as mesmas, ainda que em formas diferentes. Sorrindo, você disse que poderia tudo ser diferente, e de certa maneira foi. A ação acontece, a reação desnorteia e as forças se reagrupam para um novo embate.
Há um ano havia um clima diferente no ar. Não definitivamente melhor ou pior, mas os sorrisos pareciam diferentes, suas companhias eram outras e os sons tinham outros significados. Faltava, por mais paradoxal que seja, o excesso de julgamento que também não há hoje, mas que talvez seja o que deixava tudo tão livre de obrigações. Ou assim parecia.
Há um ano, ocorreu algo. Uma fagulha que percorreu seus pensamentos, que transformou seus conceitos e que te trouxe novas certezas para velhas dúvidas. Em um lugar só seu, você ainda guarda seu direito de novamente alterá-las quando novas situações aparecerem e demolirem o que você construiu. Penas e condenações somem ao se encaixar em novos paradigmas. Novas culpas surgiram para equilibrar a balança baseada nas novas condições que te perdoariam em uma gama mais ampla de situações, e novos pesos te esmagam a cada passo em falso. Exatamente como já havia acontecido.
Há um ano, você se entregou à fortuna. Durante algum tempo, não fazia diferença no que acontecia ou iria acontecer. Com um misto de indignação e raiva, de luxúria e ultraje, você julgou certo extrair apenas o que lhe fazia feliz, ainda que momentaneamente. Não durou muito, é verdade, pois não há hedonismo que traga alegrias por grandes períodos. Você achou justo, mesmo sem saber em que essa justiça se baseou, e achou justo também não se sentir mais assim. Mas fechado o ciclo, novamente a fortuna te espreita.
Há um ano, você quis equilíbrio. Um ponto de segurança. Mas o chão se moveu e o levou.
Há um ano você foi feliz. Há um ano você tem tentado ser feliz. Há um ano você é feliz.
Isso, posto agora, parece que foi há muito tempo. Os seus 365 dias e 6 horas que se passaram parecem, escritos, uma longa e exaustiva jornada, cumprida com penar e suor, a custo de algumas partes que se separaram e outras que se juntaram.

Mas na verdade, passado tudo isso, parece um piscar de olhos. Um tempo mais desperdiçado que vivido, algo que deveria ter oferecido mais oportunidades a se viver e momentos marcantes a se recordar, não tão pleno de lembranças fugidias.
E no final/começo desse ano, parece um ciclo. 
Velhos tempos, tão similares e tão diferentes quanto possível dos novos tempos.