sexta-feira, 11 de maio de 2012

Delirium vol. 3

Sinto sim, um vento de mudança no ar
Tanta coisa estranha nos acontece por aqui
Quero tanto algo a que me agarrar, buscar equilíbrio
Um frenesi que não me deixa ter sossego
Me arranca a paz tão almejada e querida

Mas a mudança vem para todos nós
O esquisito é só algo mais a se conviver
Meus pés não se apoiam em terra firme, não mais
E os rios sempre me levam para o mar
Grande mar, calmo e furioso
Agitado com minha impaciência

Queria te pegar e trazer até aqui
Poderíamos dançar durante o entardecer, talvez
Ou apenas nos dizer as razões
Para a mudança que nos mostra o futuro
Inexplicável e insondável como o mar

E de amarelo ouro é minha busca
Azul é o grande céu acima de nós
Nos une e nos separa na mesma medida
Verde, o mar me contempla
E me muda para lá
Numa casa de areia soprada

Solto, mudo e sou mudado
Novos olhares sobre velhos artefatos
Outra perspectiva pelo que você sente
E estranho, só o não dito fala
As palavras perdidas no que foi falado

Mudanças mutáveis em terreno instável
E não estou mais aqui
Eu também não estou lá
Você chegou e desistiu
Fui e não gostei do que vi

Inconstante e rígido
Como eu gostaria de ser
Eu fui, você foi
Agora nós partimos
E no fim, o vento de mudança sopra...

Desce!

Deixando de lado tudo isso, restou tão pouco a dizer... 
Fui rendido completamente, fiquei tão sem ação que mal consigo descrever. O controle de meu corpo foi tomado, nem sei como meu coração continuou a bater... me esforcei tanto para conseguir respirar e piscar, essas ações que deixam de ser automáticas em situações assim. Minha mente se perdeu em inúmeras possibilidades de passado, presente e futuro, girando e me confundindo mais do que eu já estava.
Dizem que nesse momento o melhor é confiarmos no nosso instinto, mas o meu entrou em pane. Queria fugir, gritar, pular, investigar, pensar e fazer tudo de novo e de novo. Sentia que estava me entregando: qualquer um que olhasse para mim naquele momento saberia que tudo estava perdido. Não conseguia sequer olhar para os lados para me certificar aonde eu estava, certeza já há muito perdida. Se não sentisse minhas pernas pesadas e duras como chumbo, podia jurar que flutuaria sem rumo.
De repente, um pulsar. Primeiro discreto, mas constante, acrescentando como fundo musical dramático e aumentando meu suspense. Depois aumentando mais e mais, um barulho abafado e desagradável, impossível de se ignorar. Agora minha respiração era mais arfante, suor brotava de minha testa, o desespero era palpável. Estava pronto para explodir, o nó em minha mente se acentuava...
Com toda essa confusão e me sentindo alheio a tudo, resolvi que nada mais restava a fazer. Me agarrei ao som contínuo de tambores surdos em minha cabeça com minhas unhas, trinquei meus dentes e com uma voz surgida de algum lugar que até agora não sei disse:

- Truco!