terça-feira, 27 de setembro de 2011

Mas e daí?

Você pode se sentir bem por ter um milhão de amigos
Ou quem sabe se orgulhar de não ter nenhum
Querer ser diferente a todo custo
Ir contra o sistema, as instituições e o mundo
Mas e daí?


Acha que viveu bem por ter bagunçado bastante
Teve diversão e memórias brilhantes
Usou drogas, fez muito sexo, "aproveitou sua vida"
Fez o que quis com quem queria
Mas e daí?


Andava nas noites sem rumo
Com sua turma de donos do mundo
Também de dia mandava na casa
Andava de skate, ouvia rock ou o que o valha
Mas e daí?


O tempo passou e você não mudou
O mundo girou e você não acompanhou
Seus amigos cresceram, os vizinhos mudaram e seu skate quebrou
Você tentou manter viva a realidade passada
Mas e daí?


O resultado é o mesmo
Agora, solidão e desespero
Não fazer nada, parece a prisão
Sua casa computador e a televisão


Lembranças te prendem a algo que não existe mais
É difícil seguir deixando tudo para trás
Parabéns, agora seu prêmio está em suas mãos
Isso aí, meu amigo, o passado é só uma visão.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Raiva nº2


Hoje a inquietude está aqui
Arranha minha alma, irrita meu peito
Abre feridas que já haviam fechado
Mostra imagens suas que eu já havia esquecido

É inacreditavelmente difícil aceitar que os caminhos irão se separar
Porém razoavelmente fácil de entender
As idéias não compartilhadas
A sua e a minha inadequação

Mas hey, vamos nos animar
Por orgulho, sabemos, não vamos mais nos falar
E por isso tenho meu peito arranhado, minha alma irritada
Uma saudade irracional me acende um cigarro

O fogo baixa, meu desespero se vai
Para junto de você, talvez
Até ele quer me deixar e sumir
Essa poça de irrealidade à qual me amarrei

Um jorro de sangue por artérias
Menosprezo sentimentos por serem reações químicas
Um pensamento impulsionado eletricamente
E respiro desanimado

Não há redenção
Não há volta
Não há segunda chance
A luz apagou, e nem te avisaram

Num meio sorriso amarelo-tabaco e desânimo crônico
Um aceno distante e sem muito significado
Palavra foi emitida, refletida e jaz morta
Assim como o que pensei ter

sábado, 3 de setembro de 2011

Alfa de Centauro


Eu imagino paredes. Elas me cercam em todos os sentidos, menos por cima. A única referência que tenho é o céu.
Vejo a Lua e as estrelas e sempre é noite. Não tenho como notar a passagem do tempo, porém noto que as estrelas se mexem e a Lua varia em suas diferentes fases.
Algumas vezes sinto as paredes vindo em minha direção, e me desespero. Tenho pânico, acho que vou morrer e grito para o nada, implorando por ajuda ou salvação. Bato nas paredes com as mais diversas partes do meu corpo, até que sangrem e eu não consiga mais utilizá-las.
Outras vezes fico vazio, e passos longos períodos recolhido em um canto. Ouço apenas meus soluços e sinto minhas lágrimas quentes em meu corpo frio. Choro por medo de estar aqui quando abrir meus olhos novamente, por não saber onde estou, mas muito mais por estar sozinho. Não há ninguém para ouvir meus gritos, ou socorrer-me aqui. Entrego-me a um destino inescapável, implorando por um fim que nunca vem.
Mas há tempos em que resisto. Não sei bem de onde vem, mas tenho certeza de que irei sair. Acredito firmemente na vida, me agarro nela com meus dedos descarnados e faço planos para quando conseguir escapar. O desespero não é meu senhor mais, e agora tenho forças para alterar meu destino. Não posso alterar nada por agora, mas tenho paciência. E antes de fechar meus olhos e talvez perder isso para sempre, sorrio para as paredes que tentarão me matar em breve.
Rio, mostrando meus dentes podres e aponto com minha falta de unhas. “Continuem” digo-lhes, “mostrem seu pior. Estou vivo, e mesmo depois de tanto tempo, vocês não conseguiram”.
Gargalho loucamente, fecho meus olhos e sigo para meu mundo.