sábado, 20 de junho de 2015

Sobre despedidas

Deixar ir é lembrar-se para sempre da parte boa e esquecer a parte ruim, é sentir saudade às vezes mas não sufocar-se, é doer, mas é aquele doer tão baixinho que é gostoso.
Não é fácil. Existem épocas tão iluminadas em nossas vidas que desejamos revivê-las a todo custo, ou nos ancoramos a elas tão profundamente que perdemos o curso da vida, fixados que estamos nesse desejo de que nada mude, mas deixamos de reparar que mudanças acontecem o tempo todo e que mudamos também. Somos agentes de mudança e somos mutantes, somos água que nunca está do mesmo exato jeito que se olhou anteriormente. É melancólico, na falta de termo melhor, saber que nem sempre aquela risada vai se repetir; que aquele grupo não se reunirá descompromissadamente, que uma conversa não será tão animada, que uma comida não terá nunca mais o mesmo sabor. Triste, mas parte de tudo. O significativo tem também um tom especial justamente por ser finito. Toda boa história tem início, meio e fim.
Nos cabe a lembrança, que dependendo apenas de nós mesmos pode ser dolorosa ou doce.
Logo, a luta nunca deve ser sobre viver o que já foi. Muitas coisas aconteceram e foram ótimas, muitas amizades foram verdadeiros escudos de cumplicidade nobre e altiva, muitos relacionamentos foram a epítome do amor romântico e completo, mas acabaram. E ao acabar, deixaram toda uma estrada percorrida para trás, do tipo que engole àqueles que se atrevem a observar a extensão passada.
Nos apegamos a um pedaço de nossa história que deveria ficar nesse ponto, não ser carregado para futuras caminhadas... Sentimentos que tiveram razão para existir, mas hoje só demonstram dolorosamente que nada mais há ali.
Por isso devemos deixar ir. Largar o que havia, encarar o que há agora. Lembrar com nostalgia, mas saber que já foi. Abrir-se para nova vida.
Seguir em frente valorizando o que passou, justamente por ter passado, e sentir-se feliz por ter vivido.
Sejamos, então, libertos. Vá em paz.

- Eu vou, mas só porque tu é chato pra caramba. Deve existir um jeito melhor de desencarnar que esse, putaquepariu....



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